domingo, novembro 24

Presente

Outra hora eu vejo
Procuro saber detalhes
Que dias se passaram
O mês já vai acabar daqui a pouco
A resposta que espero não chegou
Importa muito
Suporto pouco
Pensei em sair correndo sim
Passar pela chuva cantando
Pisar no mato alto de pés descalços
Colher flores e levar até aí
Para enfeitar a sala vazia
Assar um bolo de leite
Torrar café
Passar perfume
Falar do que se passa e do que não passa aqui
O mundo anda é voando
Parada é a vida parece
Nas fotos da estante
Olho e escuto delas eu mesma
O tempo de ontem não existe
Estudo o presente estrangeiro
Sinto a pressa do rio correndo ao mar
Depois das curvas do caminho
Matou a sede de tantos
Prefiro pescar nas tarde de domingo
Acho que nem sei onde estão as iscas
Não tenho mais varas de bambu
Vivo longe dos bambuzais
Eram muitos ao longo do meu caminho
Imagino onde estariam os pássaros à noite
Escuto o barulho da rua sumindo de madrugada
Deixando tudo mais alto aqui no quarto
Enquanto não posso dormir ainda
Acordo e te deixo sossegado
Sem te tocar escuto seu sono
Encontro-te no sonho embaixo do sol
Olhando para a lua
Onde for a festa
Entre a cama e o lençol
Pouco espaço me sobra para deitar contigo
E gozar sozinha da noite sem ti
Trazendo-me imagens
Encantadas aos olhos
Faço poesia com elas
Entre as rimas existimos perfeitos
Amantes muito mais
Que amamos antes


Por isso
Quero ser doce
Tomara que fossem férias
E chovam versos amanhã de manhã
Para que eu pudesse escrever mais
Porque agora tenho que ir
Preciso lembrar-me de sorrir
Hora de partir
Onde está escrito
Sair? 

(Carla Fernanda)       

sexta-feira, novembro 22

Psiu!

O silêncio criador
é o mais sábio professor
e foi minha mais importante escola.
Todo conhecimento, todo sentimento vem dele.
A própria poesia se transforma em música,
em dança, matemática... em tudo
que possamos compreender,
mas nasce dele e para ele
caminha a passos lentos.
 
(Carla Fernanda)

terça-feira, novembro 19

Outro Céu


Quero
Outras linhas
Livres da palidez da agenda
Esquecida na gaveta dos talheres
Toalhas macias para depois da chuva
E canetas para escrever
Direito meu céu

Sem pautas
Nem margens
Delimitando nosso caminho
Partido entre horas distantes
Luzes daqui

Onde moramos
Em grandes quintais
De espaços vazios e folhas brancas
Brincando de viver

Seremos
 Azuis e da cor do sol
Para combinar com o desenho
Que pintar

Mudando
Tudo de lugar
Chegando mundos para perto
Trago-te até do sonho
Para temperar

A cor prata do luar
 Que colore outro mar
Na tua voz que me chama
Veludo na cama 

(Carla Fernanda)

domingo, novembro 17

Nada Em Troca

Nada Em Troca
 
Imprudente o amor
Escapa das mãos entre os dedos
E chega livre ao coração fazendo alianças
A própria vida dele floresce
Eu também

E se não
Precisasse tanto existir
Não haveria saudade, no fundo
Nem perfume ou dores
Nas notas de Bach
  Criando laços

De sol e abraços
Que bebo com lábios sedentos
Pulsados ao ritmo do mesmo
Silêncio nascido
De duas ou
Mais

Palavras eminentes
Ausentes de fim
Muitas vezes
Coerente

É o amor
Detalhe sutil e durável
Bem despido decerto
Vivido ainda é
Pouco

Este ser
 Inocente e louco
Impulsivo 

Reconheço 
Indelével e invencível
Invisível e inegável 

(Carla Fernanda)

quinta-feira, novembro 14

Nuvens De Flor

Nuvens De Flor

 Faça-me nós
Presos em nuvens macias
Relíquias da tua pele banhada
No frio que passa
De luvas

Beba-me
Suavemente e inteira
No gosto do mel molhado
Nos pingos dos cabelos
Chuva branca
Que cai

Gelada
Armada
Em cubos no inverno
Quando amar-me ainda
Perto das mãos

Toque-me mais
Faz-me sumir flocos de neve
Derretidos no teu calor
Silêncio nas rimas 
Tardias

Dê-me
Contudo
O amor guardado
Plantado no teu coração
Que não morreu

E tire-me de vez
O grito vazio do teu nome
Aqui colado na boca
Calado

Ofereça-me
Teu corpo como se meu
Docemente
Fosse

E por fim
Não me deixe só
Ser

Somente
Deseje-me
Tua mais linda flor
Que vive sem saudade
E sem dor

(Carla Fernanda)

segunda-feira, setembro 10

Eu E Você

Eu E Você

Dirijo 
Para outro lugar
Distante de tudo que fez
Caminho estreito
De nós
Amor

Mas
Não consigo chegar
Sem te deixar mais perto
Das manhãs

Desse
Fim do mundo
Sem nós dois
Juntos

Pelo
Menos
Nalgumas
Frases da agenda 
Que te cobram comigo 
A cada dia solitário
Do calendário

(Carla Fernanda) 

sexta-feira, setembro 7

Chão de Lua



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 Chão de Lua

Bem
Vinda
Na chuva seja
Luz que bate em pedra nua
Trazendo o céu no chão da lua

Desfeito
Do vento espalhado
Onde piso
Adentro

Detalhes molhados
Antes que daqui a pouco
Finde ser breve como o relento
A poça d’água
No tempo

(Carla Fernanda)

Imagem: caosdepalavras.blogspot.com

segunda-feira, setembro 3

La Poésie

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La Poésie 

Eu sei é que
Nascem certamente
Assim de pronto
Crescem rápido

E mesmo
Descendo dunas pelo sol
Durante invernos
Inteiros

Renascem
Como aroma nas flores
Brotam nomes na primavera
E maiores ficam
De longe

Quando passeando
Noutras tantas estações
Viram nada mais o que dizer
Bastante o que pensar
Insistentemente tudo
O que sentir

E é só 
Por isso mesmo
Que nossos amores
Devem valer
Existir 

(Carla Fernanda)

quinta-feira, agosto 30

Detalhes Insertos

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Detalhes Insertos

O que teria
Um velho baú a mais 
Que os anos que foram
Ou ainda te esperam?

Seriam 
Versos ali guardados
Saindo de ti pelos lados
De alguma poesia tardia?

Que fosse 
Rio que passa
Nadaria com graça
Sendo água da fonte
Do rio ou do monte

Poderia ser até
 Mais além que do vento
Vendaval de alegria
Ou tormento

Fomento
De cada momento
Argumentos

De detalhes insertos
Em mais de um documento
Selado no tempo

(Carla Fernanda)

Imagem: http://weheartit.com/entry/2028076/via/nursetinkerbell

sábado, agosto 25

Céu De Ontem

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Céu De Ontem 

Passa
Agora por lá
Onde ficou pouco
  Mas viveu muito
E saberá

Do dia 
Que não finda
Nem depois da noite
Mais linda

Pegue
Um pouco daquele perfume
Para levar às outras flores
Que nascem mais fácil
Em algum jardim
Com saudades

De mim

Olhe
Outras vezes
A lua cheia de hoje
Procurando por teus olhos
No céu de ontem

Escute
O som do vento
Batendo a porta aberta
Do quarto ainda quente
Que não nos deixou
Ir embora

E fiquemos
Exatamente
Onde estamos agora
No melhor lugar
Que poderia
Ter sido

(Carla Fernanda) 

Imagem: arvoresdesaopaulo.wordpress.com